quinta-feira, 1 de março de 2012

A perseguição do Cristão...

Esta semana saiu na mídia nacional um fato que me despertou atenção, seria um caso de perseguição do Estado iraniano a um Cristão. Para comentar/analisas esta questão é necessário ter um breve conhecimento da política adotada pelo Irã no que concerne as religiões. È sabido que no Irã a religião oficial (ou a que mais possui adeptos) é o islã, particularmente o grupo dos xiitas (corrente mais agressiva ou até mesmo mais fundamentalistas, representam 90% da população). Quando se vê na TV um ataque vindo de um grupo cuja orientação é o islamismo, podem ter certeza que foi um xiita. Em oposição aos xiitas temos os sunitas, que são os islamitas tidos como mais “calmos”. A política adotada pelo Irã em relação à religião é a de proteção ao cristianismo, os cristãos são reconhecidos pelo Estado e protegidos, tendo assentos reservados no parlamento.
Após este breve relato sobre a organização religiosa do Irã, podemos passar para o caso concreto, o caso do pastor Yousef Nadarkhani de 34 anos. Para entender um pouco mais a fundo este caso, tentei ter acesso ao processo original, só que este corre em segredo de justiça, ou seja, somente pessoas autorizadas podem ter acesso a ele. Talvez isso tenha causado uma série de divergências em relação à opinião de jornalistas para com o caso.
Se não é possível ter acesso ao processo, partimos do pressuposto que qualquer afirmação seja meramente especulação. O embaixador iraniano no Brasil Mohsen Shaterzadeh, disse em uma reunião com os parlamentares brasileiros que a prisão não tem relação alguma com o fato do pastor ter deixado o Islã, mas se refere a outros crimes cometidos. Em oposição a isto, temos o fato de o pastor Yousef Nadarkhani ter sido preso ao tentar “registrar” sua igreja. A única coisa que podemos afirmar que é certo é que no Irã existe muita perseguição religiosa, mas mesmo assim não é certo que o caso de Yousef seja mais um exemplo de uma perseguição. Um caso concreto de cristão executado por questões religiosas no Irã que teve repercussão mundial foi o do pastor da Assembleia de Deus, Hossein Soodmand, em 1990. Isto demonstra que conflitos religiosos existem no Irã há muito tempo. O informativo de 2010 de Liberdade Religiosa no Mundo afirma que cerca de 350 milhões de cristãos sofrem perseguição ou discriminação, e 200 milhões destes correm risco de morte.
Já que não podemos afirmar que esta havendo uma injustiça, cabe a nós, cristãos, torcer para que ele não seja condenado à morte, já que apenas Deus tem o direito de tirar a vida de um ser. Um grande desafio do mundo moderno é manter a soberania dos Estados, sem que com isso seja afetada a liberdade individual. O problema de estados não laicos, aqueles que tem uma religião oficial (o Irã por exemplo) é que estes acabam por atingirem a liberdade de poucos, estes poucos se tornam oprimidos por uma maioria. No caso do Irã, os Cristãos são protegidos por lei, mas apenas a lei não serve para proteger pouco mais de 4% da população em contrapartida a 90%. Se no Direito não existe a discriminação, no que diz respeito à moral temos é uma coerção que chega a ser pior que a emanada do próprio Estado aplicaria.
A minha opinião é que deveria haver a liberdade individual ao extremo. Pra mim, o Estado deveria intervir o mínimo possível na vida privada, apenas naquilo que possa gerar conflitos. Pois até hoje temos dificuldades em dizer onde começa a liberdade de um e até onde vai a do outro, o Estado deveria assegurar o livre exercício das religiões. Em maioria, os países são laicos (não há religião oficial), isso é que garante um ambiente harmônico entre todas as religiões.



Daniel Evangelista

7 comentários:

  1. Fé e política não podem se misturar. E está mais que comprovado pelos vários recentes acontecimentos que isso é uma verdade.

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  2. Meu caro, compreendemos bem que realmente a política junto a religião fundamentalista de fato leva a consequências severas para os cidadãos. Todavia, o mesmo fato é que política e religião podem sim andar juntos, segundo meu pequeno discernimento, mas mesmo assim, é preciso que se saiba como planejar, propor e estabelecer este vínculo demasiado complexo. Contudo, precisamos nos preocupar com estas questões afim de lançar luzes para os que se sentirem chamados a mudar essa realidade e por fim lutar pela Paz mesmo onde não ela não prevaleça.

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  3. Meu caro, complemento a idéia do Rafael Guedes, na teoria fé e política não podem se misturar (mas podem estar lado a lado), e isso é um ideal que deveria ser seguido pelos Estados modernos bem como por toda sociedade. Isto pode se dizer até mesmo como um norte para a atual conjuntura em que nós nos encaixamos. Todavia, se fizermos uma digressão histórica, veremos que desde os primordios do surgimento da grécia, religião e política estão entrelaçadas. Isto começou a mudar a partir do Iluminismo. Sabemos que fé e religião são coisas interligadas, e que portanto podemos dizer que de alguma forma fé e política causam interferências entre si. É preciso adequear a política para que esta não interfira na fé e não o contrário. No caso de países fundamentalistas como o Irã, o que acontece é um adequamento da Fé em relação à politica, isto deve mudar! Como disse o Rafael: devemos "lutar pela Paz mesmo onde não ela não prevaleça".

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  4. Lado a lado é uma coisa e se misturarem é outra completamente diferente. Uma coisa é você guiar seus atos como político de acordo com sua fé, até porque, como representantes iremos expor nossas idéias e agir de acordo com nosso pensamento, e esse geralmente é influenciado por nossas crenças. Porém ao misturar, ou confundir, religião e fé com política o que acontece é um favorecimento ou imposição de uma religião a outras, por isso é bom sim que andem lado a lado, mas nunca podem se tornar uma coisa única.
    Até por isso mesmo que uma das grandes mudanças do iluminismo foi a laicização político-jurídica. E é até esse um dos motivos de o iluminismo se chamar iluminismo. Iluminar a cabeça das pessoas para as cortinas que a influencia religiosa extrema lhes causou durante o feudalismo. Quando disse acima fatos recentes me referia a casos do século XXI, mas se quiserem também serve de exemplo fatos históricos como o feudalismo e muitos outros, sem falar que num é atoa que a Grécia foi forte na filosofia e não politicamente, sendo em Roma a mais forte influencia politico-jurídica para o nossos tempos.
    E cuidado Daniel que quando você fala que "é preciso adequar a política para que esta não interfira na fé e não o contrário " você está concordando comigo, porque o que se entende é que o que eu venho dizendo, política e religião não devem se misturar.. ;)

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  5. Caro Anonymous, em verdade, a política e a religião sempre andaram e ao que me parece acho que andarão sempre entrelaçadas. Todavia, o que estamos expressando é que o FUNDAMENTALISMO em si deve ser exterminado! Nós que somos conservadores, até preferimos um Estado laico e que como é de fato o sistema brasileiro, nossa Constituição Federal e tudo mais. Contudo, a religião não posse ser descartada e "jogada para debaixo do tapete", pois afinal vejamos, a religião Católica por exemplo, já até passa de uma complexa religião e passa a ser uma Cultura; temos ruas, bairros, cidades, países e etc que têm eles nomes de Santos, Padres, Bispos e por aí vai.
    O que penso é que Política e Religião não devem se confundir para aplicar sanções severas ou interferir com alta relutância no âmbito privado, mas essa duas vertentes podem e devem estar em comunhão SIM, pois o jovem cristão, a Sociedade Cristã em si deve se preocupar com a sociedade a sua volta e nada mais relutante que a Política em uma sociedade não é mesmo?!

    Mas obrigado por participar, debater um assunto não é causar enfrentamentos e sim a faculdade de direito de todos poderem expressar o que pensam da maneira que lhes convirem segundo seu discernimento.

    ;)

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  6. Na minha opinião - confesso que de certa forma é um pouco leiga, visto o nível apresentado - o problema não se da propriamente na religião, na fé ou na política, e sim como alguns grupos a enxergam em conjunto. Por exemplo, no meu ponto de vista a religião sempre estará misturada com a política, pois todos nos temos uma religião como base de vida(visto que religião é um conjunto dos sistemas culturais e crenças), e todos nos somos seres políticos, afim de colocarmos nossas verdades sobre as outras. O problema estaria no foco em que a fé desses grupos esta colocada, e em uma visão mais cosmológica, devemos ter fé em Deus e não na religião, para não criarmos preconceitos, pois a religião, como vimos ao passar dos anos, e ainda vemos como nesse caso, é escrita e manipulada por "seres-políticos" e está sujeita a quaisquer regras. Ou seja, o problema é muito mais complexo que se aparenta, pois a religião pode ser baseada tanto na fé em um deus, como não ter fé em nada; o sistema político pode ser impróprio para a cultura do local, mas também as pessoas a quem detém esse poder podem ser as erradas ( como é o caso do brasil, que ao meu ver não é o sistema que é ruim e sim o compromisso das pessoas que elegemos); e emfim a fé, que é desviada de Deus, para propósitos muitas vezes egoístas e cruéis.

    ass.: Breyner G. Santos

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    1. Obrigado pela opinião Breyner, o que nós tentamos abordar com essa postagem foi a repressão que ocorre a grupos religiosos em paises onde há uma religião oficial, ou até mesmo em paises onde simplesmente existe perseguição à um grupo devido a crença. Isso ocorre de forma recorrente em paises fundamentalistas, este tema será abordado mais vezes pelo blog. Estamos a disposição.

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